Grandes Esperanças


Ali, onde o mar quebra, num promontório frio e solene, onde os ventos erguem pelo areal os seus lamentos que alimentam a alma. Somente naquele espaço de Terra conquisto o mar, perante aquela imensidão sou uma sombra de uma alma maior. Porque meus alicerces encontram-se para além do sonho, como uma vontade mutua e altiva num esforço supremo de alma heróica. Eu amarei a santa madrugada que desperta o navegador, que num céu cristalino e um mar calmo, sonha, vive e enche o pulmão pussante e grita para o seu destino. Erguemo-nos pois, soldados do Futuro, e dos raios de luz pura e sonho, erguer perante a sombra do vento e encontrar grandes esperanças.

Jogo do Anjo


Cada melodia relembra um momento, um estado do espiríto deste jogo do frio, traz-me saudade. nostalgia, mas canto alegre. É um toque de perfeição que penetra nesta dança que não muda. A dança da felicidade envolve-me num suave evnto que me enche a alma. Canto com voz rouca para o universo:estou aqui, estamos aqui. Surruro silenciosamente, escuto as lágrimas de alegria derramadas do horizonte que me espera. Já na frente de qualquer fino traço destinado. Está aberto...à brisa do mar, maresia que me abre os olhos e que me envolve numa grande esperamça desse local que há de vir. Não tem fim este jogo do anjo, vejo-te brevemente.

Entre o céu e a terra


Começar a ver ao longe, para lá da linha do horizonte finos traços sublimes. Recordo-me dos traços passados que ne enchem a alma. Que saudade, palavra lusitana que vivo. Se não fosse esta nostalgia recente como se um jogo de um anjo misterioso tivesse atravessado perante esta minha vida e que tem destino, as grandes esperanças são esperanças futuras. Vem o tempo e a ideia do passado visitar-me na curva de um jardim. Vem a recordação e me penetra, subitamente. Violentamente. E as memórias escorrem, seguidas do tempo que traz novo sentimento mutuo. Um pedaço de ti rompe a neblina, ao crepusculo, uma luz, uma alegria baixando sobre o peito despojado. Havia a promessa do mar, abafando o calor que soprava com o vento correntes de melancolia. A sombra azul da tarde nos encobre, baixa, solene, severa. Os dois apenas, entre o céu e terra.

Céu de Lágrimas


Que beleza mortal te assemelha, sonhada visão desta alma ardente que reflectes em mim teu brilho, lá como sobre o mar o sol se esvaia? Não é mortal o que eu em ti amo. Pura essência das lágrimas que choro. E sonho dos meus sonhos! E meus dias vão correndo vagarosos, sem prazer e sem dor, que a força interior já desfloresce e vacila com raios nocturnos. No céu, existe um céu para quem chora, céu para mágoas de quem sofre, para lá do puro, chama que brilha na intensa escuridão. No céu uma alma nesse espaço mora, que escuta e enxuga o nosso pranto.

Saudade


Caminho na estrada solitário, onde os pensamentos enaltecem a imaginação e provocam a realidade. Estou nu, no vazio, a chuva lava-me a tristeza e a solidão de não estar contigo. Olho repentinamente para o horizonte para ver se vem a razão. Mas se vier eu não a aceito, quero continuar na minha caminhada, sem rumo, sem orientação, sem objectivos, sem prepósitos, mas com uma realidade que me guia. Sem essa realidade caio do abismo do impossível, mas tudo é real. Caminho contigo sem destino marcado...e hoje passa o tempo sem re ver com as asas do tudo que voam para o amanhã. Hoje é o Sul do oceano e o Norte da maresia. À tua boca erguida para a luz ou para a lua, juntam-se pétalas de um dia consumido e ontem passou uma sombra iluminada pelo sol. Não tenho o hoje porque diferente fui, sou e serei um nome do meu amor, proclamo a pureza que renasceu naquele amanhecer. Desfiavam-se os primeiros dias de Verão e caminhava pelas ruas apanhadas em sol forte que abria outros caminhos. Seguia-te através daquele caminho estreito, até que o relume se elevou atrás de mim. A claridade do amanhecer rejubilou. Diante de nós erguia-se uma penumbra azulada que cobria tudo, insinuando apenas traços do teu rosto. O meu olhar perdeu-se na imensidade da luz encantada que por um segredo ia revelar. Deixei-me envolver pelo teu mundo até que o sopro do amanhacer acariciou-me novamente e escutei o rumor da penumbra azul.

Antes da tua presença até depois da tua morte


Desenho a curva da tua boca, por cima das palvras já é dia. Meu amor por quem parto. Por quem fico. Por quem vivo. Teus olhos são da cor da cumplicidade. O nosso amor é sangue. Amor intenso, amor imensoi. Deixa-me soltar estas palavras para escrever com sangue o teu nome. Dizer de ti as coisas que eu não sei, que inventei, que sonhei. Eu cantaria mesmo que tu não existisses, porque haveria de doer-me a tua ausência. Por isso canto, alegre ou triste. Como se cantando tocasse a tua boca, ainda antes da tua presença até depois da tua morte. Eu cantaria mesmo que tu não existisses, porque nada eu direi sem o teu nome.

Horizonte de Ti


Tinha a cara coberta, de nariz virado para o mar, respirando a poalha marinha, ia-me cobrindo também progressivamente, pestanejá-va perante os ataques dos grãos de areia, o vento levava-os, trazia-os em picotados na minha face, em rajadas cada vez mais envolventes. O mar esbofeteou-me em plena cara, uma grande onda enrolada num fragor de brisa húmida, sacudindo-me a mente de ar violento. Ao correr das ondas é um lugar onde se pode dar uma imagem à ausência, é um lugar que alivia porque é grande e vazio. Enquanto ficamos ali a olhar as ondas e o céu por cima delas, desdobramo-nos até ao horizonte com o mar. Perante a vastidão imcompreensível do mar, avaliava a medida da ausência de ti, até ao horizonte atrás do qual o mar se desenrola ainda, da dimensão para conter em mim a maré do equinócio da tua ausência. A névoa subia no frio. O ar refrescava mais depressa que o mar, que fumejava em grosso vapor branco para se condensar em chuva fina em mim. Cada vaga que se arqueava no momento de rebentar, expulsava como que entre barbas de baleia um sopro de brisa, de água e de névoa misturadas. A espuma movediça que retinha os ombros da ondulação desfazia-se em cada enrolar, em cada intersecção da rede, cada vez mais fina e difusa no meio de outros pontos pulverizados. Permanecia diante das ondas, a névoa avançava para mim como a ressaca de despenhava da altura do mar, os meus olhos enchiam-se de azul, a areia tomava entidade nua, já sem cor. Depois a névoa refluía com a água, a praia reaparecia, tinha tempo para avistar alguns farrapos de cidade, o piscar incessante do farol ao longe, e a névoa avançava de novo, ainda demasiada ligada à agua para poder desfazer-se dela e liberta-se livremente, a névoa avançava e refluía ao ritmo exacto da saudade, junto ao movimento do meu coração.

Contraluz Matinal


O sol nascia atrás da casa, a obscuridade permanecia muito tempo, quando à minha frente os telhados já rutilavam ou desembainhavam deslumbrantes facas, e os raios reflectidos penetravam obliquamente, uma luz estranha, secundária. As ruas ainda estavam sombrias, aquáticas, geladas, azuladas. Sem respiração, sem uma brisa sequer, asfixiadas sob o céu fechado, contemplá-lo tornava-se quase repousante. O céu começava a iluminar-se em baixo, húmido, com clarões em cunha. O horizonte fendia-se. Pássaros que eu não conhecia, num contraluz muito sombrio, agitavam-se turbilhões, subiam em circulos num só ímpeto e depois despenhavam-se, tentavam escapar à luz. Tinha os sentidos tão aguçados pela insónia que via a luz rastejar junto às paredes e a introduzirem-se nas arcadas, provocando sombras frias. Nesse instante, olhei no reflexo ambíguo e vi-te.

Esperanca, por um sonho que vi


Que venha a estrela da avareza da noite e a esperança venha arder, venha arder no meu peito. E venham tambem os rios da paciência da terra. E no mar que a aventura que têm as margens que acolhem o leito teu. E venham todos os sois que apodreceram no ceu, iluminados apenas por uma restea de luz fraquejante. E das mãos que venham gestos de pura transformação. Entre o real e o sonho seremos nós a vertigem. Dá-me os passos, os teus passos da manhã triunfal à solta, os gestos que tens. Quando a alegria descobre os dedos e envolvendo as mãos, que num toque suave transforma-me. Da vertigem que trouxer da noite, possa viver do teu sonho, nosso sonho mantido mesmo no mais intimo abandono, mesmo contra os portos que sobre nós se fecham em silêncio e noite, em murmurio. A viagem com que nos ameaçam vigiando todo o percurso do nosso sono, interminável sono, coração que vive e coração que morre. Assim esperando, assim sonhando mesmo quando o sonho recua até ao mais íntimo de cada um de nós, é o gemido sem boca, a precária luz que nem aos olhos cega. É Esperança, vai até que as que sofrem sozinhos à margem dos dias, e é a palvara que não escreve sobre as quatro paredes do tempo, o admiravel silêncio que os defende. Ou o sorriso, o gesto, a lágrima que deixa nas mãos unificadas. Quem não sabe o teu nome de fogo, eu sei, eu vi-o proclamado num ceu estrelado sob um terraço aberto, pelo espaço de um sonho que vi.

Alexandre O'Neill


Poderá vir um dia a verificar-se que o máximo que fundam os poetas é a possibilidade prosaica de alguém, muito mais tarde, se vir a lembrar de algumas das sequências de palavras que escreveram. No melhor dos casos, usarão essas sequências de palavras a despropósito, noutras sequências de palavras; no pior, aplicá-las-ão com aquilo que julgarem ser um propósito.

Nostos


Um nostos invadiu-me o corpo. À exploração apaixonada do desconhecido, preferiu a apotese do conhecido. Ao infinito, porque a aventura eterna não findará jamais, porque o regresso é a reconciliação com a finitude da vida. No entanto exalta-se a dor de Ulisses, traça-se de lágrimas. Partilhara o leito de Penelope que voou para longe. Tão longe onde ninguem a conheça, numa cidade distante, debaixo da sombra do vento, queimando-me a alma. Mas Ulisses vai estar à espera, sempre.

Chuva

As coisas vulgares que há na vida
Não deixam saudades
Só as lembranças que doem
Ou fazem sorrir

Há gente que fica na história
da história da gente
e outras de quem nem o nome
lembramos ouvir

São emoções que dão vida
à saudade que trago
Aquelas que tive contigo
e acabei por perder

Há dias que marcam a alma
e a vida da gente
e aquele em que tu me deixaste
não posso esquecer

A chuva molhava-me o rosto
Gelado e cansado
As ruas que a cidade tinha
Já eu percorrera

Ai... meu choro de moça perdida
gritava à cidade
que o fogo do amor sob chuva
há instantes morrera

A chuva ouviu e calou
meu segredo à cidade
E eis que ela bate no vidro
Trazendo a saudade

Sinestesia


Estou carregado de inspiração, mas não sei como chover. Só quero chover para ti, para que as gotas caiam na tua face e te deslizem sobre o teu corpo, para me sentires. Imagina-te numa maresia tua, naquela casa, rodeados pelo frio, abraçados solenemente naquele toque que só nós sabemos. Ou então naquela cidade na lua cheia, iluminados pelo amor, o primeiro local destinado. Ou no teu sonho...ou em qualquer lugar. Sussura-me um desejo, um segredo o que fôr, que eu ponho neste verso o meu coração. Ouve...lá ao fundo o caminho perfeito, é a via da rosa, é o hino do amor que nos chama. Consegues ouvir? Toca...nesta suavidade da maré que nos afoga, consegues sentir? Vê...esta paixão que arde na vela do nosso pensamento, do nosso sonho, consegues ver? Cheira...este perfume que criei, um azul só teu, consegues cheirar? Saboreia...os meus lábios, quero-te!Consegues saborear? E o mais importante...sonha, sonha para que se realizem, sonha para que se desvaneçam num solene leito. Estás a ouvir agora? É o barco amarelo que nos vai levar. Vês agora? É o nosso nome que nos traçou. Cheiras agora? É o sangue derramado que nos completa. Sentes agora? É a nossa respiração mutua que nos eleva. Saboreias agora? É o fruto do nosso amor puro. No caminho, desde início tivemos uma sinestesia mutua, um critério de semelhança, uma escrita viva, um porto seguro, uma rocha moldada, um refugio criado, uma melodia que nos toca, as saudades que lembraram e as memórias que guardo. Naquele terraço aberto, no tempo trocado, na semelhança dos antepassados que nos albergam. Desde sempre sinto a alegoria criada, desde sempre que te olhei nos olhos, desde sempre.

Se uma manhã de verão uma criança...

Todas las cosas del mundo llevam a una cita o a un libro

O som do nevoeiro


Num vale profundo, carregado de nevoeiro, na vespera da melancolia. Surge um som distante. Um frio gela os ossos. Outra vez. Aquele som que arrefece o frio. Ficamos parados a contemplar este frio que congela. Estranha luz, quando as luzes matinais se confundem com as do crepusculo, criando um efeito um pouco irreal. Surge de novo o nevoeiro. Calmo, solene, estranho, indica o caminho para o grande palácio onde jaz o grande mistério da vila. Em verso não da para o descrever, só a mente o pode tentar imaginar. Na sombra do amanhecer, uma melodia angelical ecoa nas arcadas brancas e límpidas do mosteiro e cria um som de nostalgia próspera para o novo amanhecer. De novo surge o som distante. Frio. Estranho. O vale estremece. O frio cala-se. Está tudo calado, imóvel. O tempo pára para ouvir o som do nevoeiro.

Lágrima de Preta

Encontrei uma preta
que estava a chorar,
pedi-lhe uma lágrima
para a analisar.

Recolhi a lágrima
com todo o cuidado
num tubo de ensaio
bem esterilizado.

Olhei-a de um lado,
do outro e de frente:
tinha um ar de gota
muito transparente.

Mandei vir os ácidos,
as bases e os sais,
as drogas usadas
em casos que tais.

Ensaiei a frio,
experimentei ao lume,
de todas as vezes
deu-me o que é costume:

Nem sinais de negro,
nem vestígios de ódio.
Água (quase tudo)
e cloreto de sódio.


António Gedeão

Maré


Os meus olhos obtêm um enquadramento perfeito, como uma paleta de cores quentes e um olhar exímio sobre a chuva que cai na tua face. Vou à esquina de ti comprar flores, guardá-las nas entranhas dos bolsos de inventar e vou ao sotão buscar a lenha de acender a fogueira de falar. Diremos orações no tom do vento, encorajando fantasmas que há em nós, ouviremos o som da chuva, sempre chove na sede de quem quer. Da minha janela virada ao poente nasceu uma paz romântica e apaixonada que irronpe sons poéticos. No momento mais lírico, mais exaltante, apareceste ao crepusculo, metade sol, metade lua, no extase primaveril que amadurece a mente minha, cheia da tua voz. Vais.me dando asas, a olhar para o mistério da paz lá no alto contigo. Gosto de te ver dormir, serena como um anjo. Adivinho azuis no poente dos teus olhos e invento uma tarde. Um toque suave das epidermes transmite-me calma e amor sobre os sonhos. Vem, diz uma voz, vamos então, de mãos torcadas, dadas, atadas, naquele nó de bem-estar. É a onda do sonho que se instala. A mão agora impõe, mas o beijo...é carícia de tão leve. O corpo roda, quer mais pele, mais quente. Então já a maré subiu de vez, é todo o mar que nos inunda. Afogados, somos a maré alta de quem ama.

Via da Rosa


Ou vens suave...delicada no meu perfume que alastra pelo teu corpo. Segundo após segundo, minuto após minuto, hora após hora, persistencia da memória, digo. Já me vi reflectido nesse local estrelar opaco e vazio. Mas rico e solene ao toque profundo. Soltou uma ponta, puxando o fino cordel da porta entreaberta que abriu suavemente. Desde aí, até à via da rosa, um conjunto de paladares e de uma luz de uma vela colada com cera derretida a um pires de barro. Olhaste-me com um olhar ardente e contagiaste sorriso primaveril que me inspirou a olhar ardentemente para ti.

Olho e vejo um Norte


Não sai. Não quero que saia. Há anos que busco um norte. Das finas e grossas pulseiras que tocam suave e delicadamente no pulso e de pequenos momentos, olho-te e vejo um norte. Sem bussula, nem orientação. Olho mas não sai. O coração é o orgão que arde na perfeição de uma guia, junto ao mar, com o cheiro da maresia tua e com os primórdios do navegador que navega solitário até encontrar o seu cais. Desde a concha, desde nunca e desde sempre olho e vejo um norte.

Hapinness

Hapinness its only real when shared.

Alexander Supertramp

Destino


De onde vem? Esta busca, esta necessidade de resolver os mistérios da vida, quando a mais simples das questões nunca poderá ser respondida. O que é a alma? Por que sonhamos? Talvez seja melhor não as procurar. No final o que importa, quando o coração humano só consegue encontrar o sentido nos pequenos momentos? Todos nos imaginamos como agentes do nosso destino. Capazes de determina-lo. Mas nós temos realmente escolha? Ou existe alguma força maior que nós, que faz o caminho? Mesmo com todo seu poder, é uma benção de Deus o homem não poder escolher o seu destino, apenas pode escolher como reagir quando o chamamento dele surgir.

Defesa do Sublime


Quero este poema no lugar do sublime,com uma cadeira de névoa ao colo da estátua e os seios de erva tingidos de púrpura. Puxoa túnica até à abertura do ventre; e roubo ao interior de pedra um desenho etéreo,como se o paraíso estivesse no centro do umbigo, inscrito na massa obscurado amor. Moldo-a com as mãos da alma,esculpindo um corpo. Por vezes, apercebo-meda sua respiração, de um palpitar de artériasno interior do mármore. Ouço um desejo fremente, o choro de êxtase que antecipa o esgotamento, o sussurro que permaneceno ouvido quando o sol se esvai num horizonte de cortinas, e os vidros reflectemos amantes. E dou-lhes o lugar que o sublime habita, com o seu rosto trabalhado pelo cinzel do sentimento, raspando a cal do sonhoaté deixar entrar a água da vida: a doceagitação de um abraço, o perfil entrevistonuma humidade de travesseiros, lábiossubindo a breve colina das pálpebras. Canto,então, este canto que se prolonga no corredor do poema, atirando para o lado os obstáculos da indecisão, abrindo labirintos e becos, até às portas de argila da memória. Abro-as com a chave dos murmúrios que me emprestaste, rodando-a com os dedos do silêncio; e encontro a tua voz, com o seu fogo de sílabas, e um ritmo de luz em cada palavra. Trata-se de um lugar sublime, esse em que a mulher límpida se senta, limpando a névoa desta casa com a sua esponja de linguagem, numa sofreguidão de segredo que o verso ecoa.

A concha

A minha casa é concha. Como os bichos
Segreguei-a de mim com paciência:
Fechada de marés, a sonhos e a lixos,
O horto e os muros só areia e ausência.

Minha casa sou eu e os meus caprichos.
O orgulho carregado de inocência
Se às vezes dá uma varanda, vence-a
O sal que os santos esboroou nos nichos.

E telhadosa de vidro, e escadarias
Frágeis, cobertas de hera, oh bronze falso!
Lareira aberta pelo vento, as salas frias.

A minha casa... Mas é outra a história:
Sou eu ao vento e à chuva, aqui descalço,
Sentado numa pedra de memória.


Vitorino Nemésio

Silêncio


Agora oiço os passos madrugais, os grunhidos utópicos e acima de tudo um silêncio. Mas não é um silêncio qualquer. É o silêncio. A névoa cobre-me encurrulando-me até ao poço que um dia subi e agora o destino quer que eu volte para a escuridão. Os sentimentos iluminados e a flor da vida já não se manifestam e não me regam o meu jardim murcho. Páro. Páro no silêncio. Hoje acordei sem que me olhasses. Páro. Já não consigo não parar. Mas quero parar. Escuto o tumulto que só o silêncio permite ouvir. Mas este silêncio permite ouvir coisas ocultas que nunca tinha ouvido e no meu leito solene e frio envolvo-me no silêncio.

Norte


Vou em busca...à busca do quê? De nada. De tudo. Um complemento solene que me guie no ofusco mais brilhante. Abro os braços para o teu norte, para a viagem infinita ao esplendor invisivel. Abro os braços no mar e sinto um ligeiro calor, que vem de onde? De onde vêm as recordações que um dia sonhei, o toque perfeito, a sintonia encontrada. Sonho agora para o teu leito desaguando na melancolia de a vila perder a cor. Moldaste a rocha, atiras-te o símbolo, beijaste o destino. Os ponteiros passam e rasgam a madeira velha do relógio, prolongando a calmaria dos carneiros do mar. Vasto alegro, onde me sento retomando meu corpo exausto e perdido no floral longíquo que agora é uniforme na minha mente. Uma mensagem que Deus deixa é omnisciente ao ponto de o ser co-existir com o haver simbólico que me marca. Venero o jogo do frio, tento-te ensinar esta perfeição melódica que me aquece e que vais começando a entender simples e suavemente. Na orla amarela, tintilam os relógios dos teus olhos que no som de uma mensagem, uma travessia marítima, tento guiar-te pela luz, gelando os teus ossos. Entendo este padrão veranil que me recorda e enche de riqueza sentida. Sente esta melodia. Cantá-la, senti-la, respirá-la, contigo esta melodia transforma-se em ambiguidade semelhante. Estou à tua espera no farol, basta olhares para a estrela que escolheste, e aí olhares e escutares o silêncio, o tumulto costeiro, o lamento que vem da brisa, o guincho marítimo, escuta o vento marinho, pára. Olha para o céu e escolhe o Norte.

Olhos

Ninguem consegue mentir, ninguem consegue esconder nada, quando olha olhos nos olhos.

Ilhas

Bem sei que há ilhas lá ao sul de tudo
Onde há paisagens que não pode haver
Tão belas que são como veludo
Do tecido que o mundo pode ser.

Bem sei, vegetações olhando o mar
Coral, encostas, tudo o que é vida
Tornando amor e luz, o que é sonhar
Da à imaginação anoitecida

Bem sei, vejo isso tudo, o mesmo vento
Que ali agita os ramos em torpor
Passa de leve por meu pensamento
E o pensamento julga que é amor

Sei, sim. é belo, é luz, é impossível
Existe, dorme, tem a cor e o fim
E ainda que não haja, é tão visível
Que é uma parte natural de mim.

Sei tudo, sim, sei tudo. E sei também
Que não é lá que há isso que lá está
Sei qual é a luz que essa paisagem tem
E qual o mar por que se vai para lá.


Fernando Pessoa

Navegadora


À volta de mim há a penumbra, com respirações anelantes e súbitas, impulsões, desnorteadas na longa viagem. Quando me sento no vagão, sinto um calafrio que me abre o sonho. Fecho os olhos e uma canção ouve-se suavemente dentro de mim, então o universo organiza-se em volta de mim e a tua voz me declina. Fecho os olhos e saboreio a obscuridade que se faz dentro de mim, saboreio essa certeza de unidade junta. Fecho os olhos, abro os olhos: a minha vida já não é senão este bater e palpebras que me enche e ti, doce e morno no meio da felicidade. Os objectos que se acumulam, os seres que nos maçam, que nós expelimos metaforicamente pelo corpo, regressam à sua existência fora de mim, de mim repelidos, trivializados, decaídos, pela rejeição que recebem de mim. Do meu corpo há a emanação de um orgulho desmedido, de uma consciência que se imagina soberana. Mas pelo contrário, aquela Navegadora, entra-me pela alma, inunda-me o olhar, enche-me e águas lentas a minha alma.

Uma História


Abro os meus braços para o teu refúgio. Fico parado, entrego-me e deixo-me cair na tua vastidão que me engole a alma. A penumbra de memórias perde-se no meu génio humano que esclarece a invisibilidade da cura que me pegaste. Penetrou-me a magia deste local que se tornou meu intímo virtuoso de uma unidade omnisciente. Uma história conta-se nos confins do mar, uma história passa-se no teu lar, uma história que me ocupa por completoo meu elixir da vida.

Avô

Mal entro na casa sinto o cheiro pesado da dor quente misturado com a natureza morta. Ele esperava por nós, os ultimos, para o ultimo sorriso...fraqueja tudo, o seu ser tão generoso que eu vi o exemplo do próprio ser e na lua seguinte o Homem desceu sobre as colinas da simplicidade. Tudo chora, tudo lamenta, tudo abraça neste solene momento. Eu, sendo o mais novo sinto-me fraco ao ver esta tristeza, estava sem protecção e cada abraço ou gesto ou carinho que me era dirigido tornava-me mais forte. O mundo ficou mais pequeno e mais pobre, mas eu sei que ele está a ver-nos, o Sr. António Alexandre Chaveiro está a ver-nos.

Silêncio


É no silêncio que o desafio se concentra, é no silêncio que se escuta o tumulto.

Maresia Tua


Num começo de tarde um vaivem incessante de aves marítimas, forma-se ímpetuosas esperanças renascidas num promontório. Ao longe ouve-se um cântico marítimo e a ondulação pára para ouvir a ressonância do amor. Uma luz sombria e cintilante ergue-se e cresce invandindo o corpo apaixonado. No sussurar dos abetos adivinho a tua navegação solene e o cheiro exótico da paixão. Na falésia o vento rasa-me a cara lavando as falsas ideias e o frio matinal gela-me os ossos querendo mais desta suave dor veranil. Sobre o equilibrio e desiquilibrio das águas atravesso tempestades e na vaga e contra-vaga eu equilibro-me nunca desistindo. Uma veemência alegra-me no aflorar dos ecos e rumores do perpussar dos vumultos e dos reflexos do rio. Deslizo ao teu lado pairando no ar num infinito silêncio, pura transparência e uma felicidade sem nome foi muito que ultrapassámos para acordar numa manhã festiva. Numa noite de luar e calmaria com os nossos olhos postos no grande olhar masgnético da lua que corta a escuridão verás a perfeição unida. Estamos sentados num pequeno muro em frente a um cais onde marés se cruzam, as vozem deslizam no ar leve da noite enquanto respiramos um rosa negra. Quando estou sozinho oiço o cerimonial das vozes e o rumor da água e passo para além do próprio cismar em ti, o meu amor sobe à flor do mar.

Sonho


Se os teus sonhos estiverem nas nuvens, não te preocupes, pois estão no lugar certo; agora começa a construir os aliceres.

Elemento


De um elemento oiço o eco do pensamento. O teu espelhi no meu reflexo, o teu reflexo na minha água, a tua água no meu elemento. O magnânime pensamento apodera-se derramando em lágrimas de felicidade para o teu chão alquimista, que me transformou no mais puro sagrado segredo. O infinito é inválido na nossa demanda em que o sol nos olhou de frente e deu-te a mensagem ambígua. O vidro esquecido húmido trespassa-me o espaço vazio invísivel que só tu me ocupas.

Alcaide


Mal chego à aldeia sinto que a nostalgia salta-me do peito e a saudade rasga o meu corpo. O granito e o basalto escurecem a pequena aldeia, e o ar frio e pesado arrefece a mente do poeta, dando-lhe inspiração. Da janela o esplendor belo e simples, como a aldeia rodeada pelos montes, vales e serras. O imponente sino da igreja conta os costumes da população que roga a Deus com a máxima devoção. Mas esta aldeia algo de invulgar flutua no ar ofegante que congela os ossos. Não sei o que é, nem a própria população, mas altera a mente das pessoas e os sentidos tornando-os mágicos ao cair do sol e ao rajar do vento. A rustica calçada indica os caminhos da simplicidade e a velha praça silenciosa fala com os candeeiros gastos e enferrujados, trocando pensamentos. De manhã ao cantar do galo ou ao som do sino começa um novo dia, repetindo a calma, vezes sem conta.

Primaveril


Hoje passa o tempo sem te ver com as asas do tudo que voam para amanhã, renascendo uma tarde primaveril. Hoje é o sul do mar e o renascer de um novo dia. À tua boca erguida para a luz ou para a lua juntam-se petalas de um dia consumido. Não tenho o hoje porque diferente fui, sou e serei e em nome do meu amor proclamo a pureza.

Destino


O destino só é compreendido quando é ao Homem revelado. Não nos guia, não nos enfrenta, apenas tranquila a nossa mente. Sentir em cada fôlego a vida, em cada perfeito desabrochar da flor de lotus é o mais simples encanto da vida que me faz querer seguir um caminho a teu lado. Um caminho ao desconhecido, sem nada, apenas com as nossas melodias e mentes. Orientar a vida pelas coisas mais simples e aí poderei dizer que o meu destino foi revelado.

Acordar


Acordo e vejo-me livre. Liberdade, penso se será imaginação, mas não, é realidade, Finos raios de luz batem no meu quarto, formando um descanso eterno. Desço as escadas com os pés descalços sentindo o frio do marmure e arrefeço a goela bebendo enquanto oiço o galo a cantar. É madrugada, olho para a janela e vejo a natureza no seu esplendor e penso. O que é melhor que uma manhã livre?

Ligação


Comecei a escrever em cadernos quando te conheci e agora a escrita é uma das minhas paixões. Com a minha principal paixão nasceu uma nova que te apaixona e consequentemente o teu sentimento apaixona-me. Tudo isoto é uma cadeia de sentimentos apaixonados. Largo-me neste caderno, deixo-me voar contigo e largo a minha mão como se um Navigador Solitário apoderasse de mim. Por isso deixo-me levar por ti e em ti.

Sussuro


O meu abraço aquece-te a alma, a necessidade da presença é inevitavel, tanto que os ceus formam sinais de esta perfeição simétrica. O teu cabelo ondula com os arrepios da natureza, as palavras são tão poucas para a realidade que nos sentimos inuteis, mas essa imaginação faz-nos viver. No meio do nada a minha musica chega-te ao ouvido, o meu sussurro baixo e melodico entra suavemente em ti. Já não quero dormir, quero sentir a alegria de estar contigo, viver o nosso mundo azul, percorrer os teus sonhos contigo, que isso já é o meu sonho, estar contigo para sempre.

Liberdade


Aqui nesta praia onde
Não há nenhum vestígio de impureza,
Aqui onde há somente
Ondas tombando ininterruptamente,
Puro espaço e lúcida unidade,
Aqui o tempo apaixonadamente
Encontra a própria liberdade.


Sophia de Mello Breyner

Azul


Tenho um pequeno objecto azul que me encanta e toca suavemente a tua melodia. A música transforma-se num belo mundo azul que mergulho para encontrar o toque perfeito. Os meus dedos já estão queimados com as cordas que tu me fizeste e que me ensinaste. Quando estou sozinho pego na minha guitarra e toco para o Mundo me ouvir, e as palmeiras crescem ouvindo o veu musica estendendo-se sobre mim. Porque na minha música eu toco-te e com a minha música sinto-me e transformo-me em arte.

Passos


Costumo-te ver atrás de mim, com as tuas mãos abraçadas à minha manhã cristalina, que é acordada pelo meu sol de mar vivo. Digo amor e enches-te de pombas, cada sílaba tua traz a Primavera e cada murmuro teu antecedesse o Verão. Então tu, minha flor porque esperar? Os teus olhos ficam presos na folhagem do ceu e vejo-te reclinada na Terra. Vejo o sol transportar cachos para o teu rosto olhando para o alto, reconheço os teus passos.

Sonho Oriental

Sonho-me às vezes rei, nalguma ilha
Muito longe, nos mares do Oriente
Onde a noite é balsâmica e fulgente
E a lua cheia sobre as águas brilha...

O aroma da magnólia e da baunilha
Paira no ar diáfono e dormente
Lambe a orla dos bosques, vagamente
O mar com finas ondas de escumilha

E enquanto eu na varanda de marfim
Me encosto, absorto num cismar sem fim
Tu, meu amor, divagas ao luar

Do profundo jardim pelas clareiras
Ou descansas debaixo das palmeiras
Tendo aos pés um leão familiar

A Primeira Guitarra


Os dedos deslizavam pelas cordas, ásperas e fortes. Se nos apróximassemos sentiamos aquele cheiro intenso e metálico, oriundo daqueles finos cabos de aço.
Cada nota uma paixão, cada toque um sentimento. E todas estas paixões e sentimentos, não eram mais que um juízo, uma consciência, opinião ou valor, da realidade. Mas compunham uma melodia. Melodia essa, que fluía através de uma bonita caixa de madeira, tão trabalhada e ornamentada, toda envernizada, e enfeitada com pequenos desenhos clássicos e rústicos, que traçavam um círculo perfeito, repleto de pormenor.
Aquele som preenchia-nos. Preenchia-nos aquele vazio, o mais negro e obscuro, no canto mais longínquo e remoto da nossa alma, do nosso imaterial.
As notas soavam tristes, tal como quem as entoava. Mas ao tocar, esquecia-se de quem era. Lembrava-se de um outro. Um outro que ia ao céu para não mais voltar.
Um Dia Saramago

Concha


Lanço uma concha ao mar, ela afunda-se calmamente nas águas da esperança eterna e da felicidade. As rochas moldaram os nossos corpos na sua estrutura, as nuvens transformam-se em realidade e as gaivotas sobrevoam a sintonia perfeita. Tantos acontecimentos não foram para mostrar o acaso, mas sim a não coincidência que o destino marcou-nos. A minha oena nunca te irá deixar. Viajarei contigo para o teu sonho mais alto e não iremos descer, pois tal(ais) acontecimento(s) não são pura sorte nem imaginação és tu.

Infância


Ontem pela primeira vez quiz voltar à minha infância.

Lembro-me tão bem quando ia ao parque da serafina, com os meus amigos por um dia o nosso mundo transformava-se num pequeno mundo.

As nossas casas transformavam-se em pequenas tendas de índios e cada tinha de a proteger, com a sua vida. Nos escorregas e baloiços dava-mos tudo por tudo para que não nos vissem, ou porque tava-mos a brincar às escondidas ou porque tinhamos partido um vaso do restaurante.

E faziamos corridas até ao miradouro, saltava-mos nos insoflaveis, lembro-me tão bem, uma vez um senhor deixou-nos entrar sem pagar e fizemos um sorriso e sem saber com o nosso sorriso, esse senhor já tinha ganho o dia. Sem saber, a nossa alegria, os nossos risos, tornavam aquele lugar ainda mais mágico. No labirinto levava-mos balões de água, molhavamo-nos não importava só queriamos era divertir, apanhar o nosso amigo para ser o rei do labirinto. Lembro-me das batlahas de barco contra o farol, dos paus a fingirem de espadas e de folhas de escudo, tudo se transformava em alegria, quando a nossa infância brincava.

Agora não me vejo com os meus amigos a ter lutas no barco, a partir vasos, a fazer corridas, a dar comida aos patos, mas esses tempos não trocava por nada em que o mundo parava para nos divertimo-nos.

Raio


Novos raios de sol nascem dos então já nascidos. A alegria matinal multiplica-se e com ela tu me amas. Talvez a ironia já nem aconteça e o inesperado surge do nada. Os objectos do tempo transformam-se, paralisando o tempo. Este trovão docil que me atinge és tu que o comandas electrizando-me o coração, e vivo como se fosse o ultimo trovão. Do nada surges, iluminando-me o meu lampião triste, que já não é nocturno, agora sou o teu raio. Num belo aterdecer econtro-te não precisando de mais nada, pois é de ti que me alimento.

Tudo


Na minha vida, tu apareceste minha tagide. Hoje sinto o teu perfume no meu relógio, o tempo passa mais rápido só para a simetria se sintonizar. Espantalhos vazios choram por nós, aves pousadas voam por nós, a estranheza zela por nós, caminhos são percorridos por nós, feitos são realizados por nós, profecias são quebradas, Deuses são mortos por nós...contudo todos estes feitos são imaginação?o que é real és tu?

Emoções


Sugas o meu nectar, arrancas os meus espinhos, bates nas minhas ondas, queimas a minha pele, tocas na minha mão, ouves a minha música, cheiras o meu perfume, vês os meus pensamentos, sonhas a minha felicidade, sorris as minhas lágrimas, choras o meu sorriso, sentes a minha alma.

Escrevo


Escrevo porque preciso, escrevo o que quiser, escrevo sem sentido nenhum, escrevo diante da tua janela aberta, escrevo e escrevo só para te sentires única. Podem ser meros rascunhos, mas quando os lês tornam-se omnipresentes na tua mente. A minha mão é movida pelas tuas lágrimas numa noite de lamento e saudade poética. No teu jardim de inquietação, a fonte da esperança já deu toda a água, já passou a certeza e os canteiros da dúvida foram cortadas e cresceram flores de desejo. No teu espaço, estão os meus versos soltos, com que tirei parte da minha alma, para alimentar a tua e quando és alimentada, essa parte que me esvaziou enche-se de novo, formando um ciclo de paixão. Escrevo porque preciso, preciso que seja só para ti.

Noite Acompanhada


Subo na tua encruzilhada nocturna. A noite é tão triste sem ti ao meu lado. Subo a calçada, nas pedras nuas e frias, ofegante com o coração a tintilitar, só para chegar a cima e ver-te. És a luz que ilumina a minha noite, és o candeeiro da minha rua. Sozinho a noite de nada vale, contigo a noite é tudo, mágica e solene.

Ti


Não me queres magoar, mas sem saberes já magoas quando olhas para mim é como se o meu coração parasse, uma seta do Cupido me espeta o coração. O teu sorriso faz-me notar o quão perfeita tu és, já te amo perdidamente, já estou perdido em ti, só quero que me encontres, estou à espera de ti.

Sempre


Tive sorte em te encontrar, nem sei como te encontrei, este tesouro omnipotente e magnânime de valor incalculável, um tesouro que a humanidade nunca o perceberá e encontrará, somente espero só eu, percebo o teu verdadeiro valor, a tua vida é me indispensável, e foste escolher a mim? Perguntou-me se sim serei ainda mais feliz do que sou agora que apenas amo-te como nada e como tudo…mas podemos subir, e estaremos tão alto que poderemos voar, voar juntos até as nossas asas se cruzarem numa só e iremos pousar e amar-nos para sempre.

Imagino


Imagino como seria se tu não existisses…estava nu, perdido, vazio, desprotegido, exausto no meio do nada, onde nada fazia sentido. Já disse e continuo a dizer que não fazes a ideia de como me mudaste o como vejo as coisas, quero ser feliz contigo mesmo para sempre até ao final…Contigo irão chover flores que me lavam a cara e fico puro contigo ao lado, só quero que me acolhas nesse teu leito, por favor aceita-me e irás ver o que é amar.

Vontade


Do teu ser eu sou um homem novo, se não tivesses aparecido na minha vida era um simples mortal, contigo sou imortal, minha deusa, minha inspiração, minha musa. Já não aguento, vou explodir, preciso de ti qualquer dia a loucura elogia-me e vou viver contigo para sempre, para sempre viver os nossos sonhos, juntos até ao ultimo respiro, é a vontade minha e de Deus, a vontade tão grande de te ter.

Sentidos


Escuto no silêncio a tua voz.
Cheiro no deserto o teu aroma.
Olho no escuro a tua luz.
Saboreio no nada os teus lábios.
Sinto no sonho o teu corpo.
És-me indispensável para a minha sobrevivência, és os meus sentidos, os meus pensamentos, és a minha pessoa. Tanta semelhança não pode ser coincidência, tal não existe mas essa simetria é um sinal, um aviso de Deus.

Encosto-me


Não tão poucas palavras tiveram tanto significado, mas as tuas palavras sempre me acaraciaram e eu encostando-me a elas olhava para ti. A Unidade não chega para te mostrar o que é sentido, o sentimento é abrupto muito forte que já não consigo encostar-me aos teus versos, agora encosto-me a ti.

Anjo


Tens um anjo, usas um coração que derrete o meu, vestes um sorriso que me faz querer viver.
Consegues fazer anjos, com apenas o brilho dos meus olhos e esses anjos vão continuar a multiplicar.
És tão diferente do mundo, só precisas de sorrir e transformas-me a mente, mudando a minha alma, partilhando a mesma alma.