Silêncio


Agora oiço os passos madrugais, os grunhidos utópicos e acima de tudo um silêncio. Mas não é um silêncio qualquer. É o silêncio. A névoa cobre-me encurrulando-me até ao poço que um dia subi e agora o destino quer que eu volte para a escuridão. Os sentimentos iluminados e a flor da vida já não se manifestam e não me regam o meu jardim murcho. Páro. Páro no silêncio. Hoje acordei sem que me olhasses. Páro. Já não consigo não parar. Mas quero parar. Escuto o tumulto que só o silêncio permite ouvir. Mas este silêncio permite ouvir coisas ocultas que nunca tinha ouvido e no meu leito solene e frio envolvo-me no silêncio.

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