O Som do Buraco


Oiço o som do buraco, certas palavras despidas, certas palavras pobres: o som de um buraco. O sopro que ouvires, não o ouves, não e o sopro do horizonte. Aqui esqueceu-se o peso das pedras. Por isso outras palavras:as que sobram. Não as que restam. Não será um grito. Certas palavras, só. A quebra muda, nem sequer um baque. Produzem o som de um buraco. Entre nós. Certas palavras mais pobres, obsessivas. Persistem.

O Espaço


Como se fora este o espaço por habitar, não é aqui que se constroi o chão e o tecto, ligam-se externamente noutro espaço. Como se fora aqui, aqui começo nada ou só que desejo e perco. A folha branca sem a inspiração e sem a presença que sobre a presença se levanta num externo esforço além deste começo. Como se fora aqui o que figura azul e nulo esfuma, aqui me abro onde não sei se alguma palavra viva vem ou pobre domina. Aqui seria o rosto, o espaço, o lento manear de uma sombra a forma de um corpo se mover, oco do ser, e o desejo no centro do tempo e ânsia, a pausa justa de encontrar o termo, o intervalo do sorriso e a rua, viva com o teu rosto.

Dança


As tuas armas são lentas, defesas correspondem lúcidas reflectem. As tuas armas secretas e potentes. Serves-te como um sopro em corpo e firmas-te. As tuas palavras desligaram-se, o afecto já não entra no teu vocabulário. Tenho a febre alta, caminho no silêncio de ti. As tuas armas tecem no espaço as linhas de uma ausência. Desfaz uma a uma, a esperança que outrora culminara mas que sempre perdura. A tua vista alcança o ponto cego da luz. A linguagem é o silêncio sem eco. Tornaste-te num muro alto que já não vejo:o espaço nu. Deixa-me abater o muro.

Porta


Quando bate a uma porta a solidão

Uma porta e perguntas na noite

Quand toca a dura casca do teu nome na note

A uma porta de auseência

Uma porta de memórias

Quem bate a essa porta?

Quem bate a essa porta de ausência no noite?

Quem bate a essa porta és tu