O Amor e o Sonho


Há sempre, em todos os sonhos, um caminho infinito, que nos leva, entre maravilhas, ao lugar que a nossa imaginação consegue inventar. Todos trazemos na alma a nostalgia do paraíso perdido e tudo o que nos aproxime dessa recordação primordial nos imerge num bem-estar quase insustentável. É quando o coração se aquieta e os olhos se fecham que podemos ouvir o murmúrio da melodia do silêncio. É quando conseguimos abstrair-nos da realidade que nos cerca e acreditamos que há algo mais à nossa espera, que o espírito se inunda de luz e o corpo flutua, impoderável, acima do chão. No amor também é assim. Quando o coração perde a voz para ouvir apenas o seu próprio batimento e esse é o ritmo do corpo que se entrega, sem tempo, sem culpa e sem pressa e corta todas as amarras para seguir o tal caminho que nos leva, entre maravilhas, ao lugar mágico que a nossa imaginação consegue inventar. O amor e o sonho, na senda dos milagres. O amor e o sonho. Sem eles, qual o sabor da vida?

A Força da Imaginação


Na cidade saimos de casa para a confusão das ruas, o trânsito, as pessoas apressadas, as sirenes das ambulâncias e ficamos a pensar se já não haverá no Mundo pedaços de paraíso. Há. É so imaginá-los. De olhos fechados começamos por ouvir outros sons e logo nos sentimos invadidos por uma frescura de outras paragens. Que recanto da nossa alma vive na nostalgia do mais antigo? Quem de nós ouve o silêncio inicial? É so imaginar. Porque esse lugar está dentro de nós. Acompanha-nos sempre, fechado na nossa memória profunda e colectiva e é de lá, que, noas horas dificíes, vamos buscar a frescura, o silêncio, a poesia, os sonhos. É lá que nos recolhemos para fugir ao cansaço da rotina, aos contratempos da vida. É so imaginar.

Unidade II


Se o que procuras é a visão zul e branca do silêncio, se o que buscas é a dimensão infinita da alma em contraste com a pequenez do corpo, descobre a tua unidade. Esta só se consegue harmonizando o espiríto com a criação inical, os quatro elementos, a voz silenciosa mas tão expressiva da tua unidade. Poderão assustar-te as formas invulgares que por vezes toma. Mas nada temas. Esquece os medos aprendidos. E se quiseres falares com ela, vais ter de desatar todos os nós. Todos os nós do coração que te magoam, que te escravizam, que te amarram a um mundo sem grandeza e esperança. E se conseguires esvaziar os bolsos da alma, se conseguires abrir-te ao impoderável, a solidão que a princípio te cegava transfigura-se na unidade desejada.