Verso

Rimar é complicado
É mais difícil do que parece
Este verso já é forçado!
Já nada enaltece.

Não é nada fácil
Rimar com as letras
Tenho a cabeça a mil
Tudo isto não passa de tretas

Parece feito por uma criança
Estas palvras feitas à pressa
Não é hino, não é lema

Nem sequer tenho esperança
De pontificar esta peça,
Nem de ser lido este poema!

Palácio do Vento


De tempo em tempo mergulham alegres na lagoa. Lá em cima ouve-se sombrios uivos de loucura por de trás das portas há seculos fechadas. Horizontais caminhos de vento para o palácio. E gritos de pecado de água morta que apelam à pureza. A proa corta passados, o mastro eleva-se ao sentimento do tempo e conta uma história. História por vezes dorme, funda em vagos descendentes, onde filia tristeza. Mas ao olhar o Palácio do Vento a História desdobra o pedalar eufórico e ergue-se! Ar livre, contigo, para podermos traçar ao som do vento um quadro à beira-mar!

(Im)possível


Impossível cantar-te, como cantei as melodias do frio, na atomosfera rarefeita de sonho sem percurso. Impossível tomar íngreme caminho, de aventura mental da solitária imaginação. Desenhar-te numa estrela, neste céu ínfame, dizer-te em versos de linguagem poética. Impossível não tentar dizer-te, com as muitas palavras que tenho, que vives o meu sonho. Impossível não te dizer amo-te.

Passos


Os passos de uma manhã triunfante rogam ao longe da vertigem que trás a noite. Nosso sonho mantido e intímo no silêncio da noite do murmúrio. Ouvem-se em suspiros vagos, os dias vorazes da paixão, da viagem, do percurso inteminável do coração longo. Sonhando mesmo quando o sonho ignorado recua até ao mais intímo de cada um de nós, é gemido sem boca, luz que nem aos olhos chega. É esperança. a margem dos dias é palavra que se tem, sobre quatro paredes do tempo, o admiravel silêncio a defende com o sorriso, gesto e lágrima. O teu nome até as coisas o sabem, elas também gritam por ti, na curva exemplar do tempo;estão hoje em ti, são hoje o teu nome, levamtam-se contigo na vertigem, no tumulto. O amor desfolha e alicerça o sublime nos braços teus de um tempo novo. Relógio do eterno que desliza sobre delicados ponteiros de lágrima e os vivos traços da nossa unidade.

Sombra do Vento


O ar circulará, na arquitectura das tuas palavras, no contraluz de um sol já desde o abrir dos teus olhos ao teu grito. É pelo ar que o canto ressoa e vai crescendo à procura de renovadas palavras. O ar vai e vem, como um cego que vê os trapos do corpo. Porém vê ternura, e revolta-se vindi do além ao contrário, em sentido proibido da paixão. Ele luta e prossegue, precipita o novo ser, corre à nossa frente e grita. Grito até ao esplendor das ruas e asas do vento. Sangue liberto em ti, esse luar de vida, este rompante tempo nossa que hora a hora é vivido no sonho eterno.

Dor Saudade

Numa sinestesia de sons silenciosos e visões cegas a dor desponta. Porém é a saudade que fica. Daquelas manhãs, tardes e noites. Tenho saudades das tuas histórias, da tua sensibilidade. É difícil viver sem a nossa unidade, tu viveste dez meses sem o avô. No dia em tua memória foi feito em tuan honr. Na vila, lágrimas de tristeza inundavam as ruas de preto simples. Até ao teu repuso, um caminho lento tão sentido. Estarás sempre no meu coração, ensinaste-me muito. Hoje escrevo em tua honra, avó.