Fantasma



Trago na fronte, a estrela da minha revolta. Nunca aceitarei qualquer tirania, nem a do mais justo ditador, nem a própria vida eu aceito tal como ela é, com todas as promessas de amor e juventude, e a doença de envelhecer a morte em cada dia antecipada. Quando a terra poluída tiver absorvido tudo o que resta da Unidade, hei-de levar o meu fantasma até cais de ti, onde a esperança cai a pique sobre o mar dos desejos sem limite.

Silêncio



Amamos o limiar, o barulho dos mortos, na sombra desta palma, deste odor de antigo, chamamos alta a esta chama nua. Esta sombra, esta escrita pesada e a dança obscura que caminha sob o hálito da noite. Eis o corpo e a terra, o horizonte que se veio aproximando. A pulsacão das palavras sobre a ferida ardente. Aquela seria a nossa música...a que tu desconhecias e que te ofercei para nos completar. E quanto mais eu sentia, mais a ferida cantava, a voz escassava-me como o que outrora vivemos. Em cada momento sentia-te. No uníssono dos coros, sabia que lá te encontravas. Nesta mudez do silêncio, como descobrir esse rosto do outro lado? Sopro sobre a cinza com a esperança de renascer algo. Queria encontrar nem que fosse um pedaço de ti, um pedaço ainda não rasgado pelo nosso silêncio.