Maré


Os meus olhos obtêm um enquadramento perfeito, como uma paleta de cores quentes e um olhar exímio sobre a chuva que cai na tua face. Vou à esquina de ti comprar flores, guardá-las nas entranhas dos bolsos de inventar e vou ao sotão buscar a lenha de acender a fogueira de falar. Diremos orações no tom do vento, encorajando fantasmas que há em nós, ouviremos o som da chuva, sempre chove na sede de quem quer. Da minha janela virada ao poente nasceu uma paz romântica e apaixonada que irronpe sons poéticos. No momento mais lírico, mais exaltante, apareceste ao crepusculo, metade sol, metade lua, no extase primaveril que amadurece a mente minha, cheia da tua voz. Vais.me dando asas, a olhar para o mistério da paz lá no alto contigo. Gosto de te ver dormir, serena como um anjo. Adivinho azuis no poente dos teus olhos e invento uma tarde. Um toque suave das epidermes transmite-me calma e amor sobre os sonhos. Vem, diz uma voz, vamos então, de mãos torcadas, dadas, atadas, naquele nó de bem-estar. É a onda do sonho que se instala. A mão agora impõe, mas o beijo...é carícia de tão leve. O corpo roda, quer mais pele, mais quente. Então já a maré subiu de vez, é todo o mar que nos inunda. Afogados, somos a maré alta de quem ama.

Via da Rosa


Ou vens suave...delicada no meu perfume que alastra pelo teu corpo. Segundo após segundo, minuto após minuto, hora após hora, persistencia da memória, digo. Já me vi reflectido nesse local estrelar opaco e vazio. Mas rico e solene ao toque profundo. Soltou uma ponta, puxando o fino cordel da porta entreaberta que abriu suavemente. Desde aí, até à via da rosa, um conjunto de paladares e de uma luz de uma vela colada com cera derretida a um pires de barro. Olhaste-me com um olhar ardente e contagiaste sorriso primaveril que me inspirou a olhar ardentemente para ti.

Olho e vejo um Norte


Não sai. Não quero que saia. Há anos que busco um norte. Das finas e grossas pulseiras que tocam suave e delicadamente no pulso e de pequenos momentos, olho-te e vejo um norte. Sem bussula, nem orientação. Olho mas não sai. O coração é o orgão que arde na perfeição de uma guia, junto ao mar, com o cheiro da maresia tua e com os primórdios do navegador que navega solitário até encontrar o seu cais. Desde a concha, desde nunca e desde sempre olho e vejo um norte.

Hapinness

Hapinness its only real when shared.

Alexander Supertramp

Destino


De onde vem? Esta busca, esta necessidade de resolver os mistérios da vida, quando a mais simples das questões nunca poderá ser respondida. O que é a alma? Por que sonhamos? Talvez seja melhor não as procurar. No final o que importa, quando o coração humano só consegue encontrar o sentido nos pequenos momentos? Todos nos imaginamos como agentes do nosso destino. Capazes de determina-lo. Mas nós temos realmente escolha? Ou existe alguma força maior que nós, que faz o caminho? Mesmo com todo seu poder, é uma benção de Deus o homem não poder escolher o seu destino, apenas pode escolher como reagir quando o chamamento dele surgir.