Céu de Lágrimas


Que beleza mortal te assemelha, sonhada visão desta alma ardente que reflectes em mim teu brilho, lá como sobre o mar o sol se esvaia? Não é mortal o que eu em ti amo. Pura essência das lágrimas que choro. E sonho dos meus sonhos! E meus dias vão correndo vagarosos, sem prazer e sem dor, que a força interior já desfloresce e vacila com raios nocturnos. No céu, existe um céu para quem chora, céu para mágoas de quem sofre, para lá do puro, chama que brilha na intensa escuridão. No céu uma alma nesse espaço mora, que escuta e enxuga o nosso pranto.

Saudade


Caminho na estrada solitário, onde os pensamentos enaltecem a imaginação e provocam a realidade. Estou nu, no vazio, a chuva lava-me a tristeza e a solidão de não estar contigo. Olho repentinamente para o horizonte para ver se vem a razão. Mas se vier eu não a aceito, quero continuar na minha caminhada, sem rumo, sem orientação, sem objectivos, sem prepósitos, mas com uma realidade que me guia. Sem essa realidade caio do abismo do impossível, mas tudo é real. Caminho contigo sem destino marcado...e hoje passa o tempo sem re ver com as asas do tudo que voam para o amanhã. Hoje é o Sul do oceano e o Norte da maresia. À tua boca erguida para a luz ou para a lua, juntam-se pétalas de um dia consumido e ontem passou uma sombra iluminada pelo sol. Não tenho o hoje porque diferente fui, sou e serei um nome do meu amor, proclamo a pureza que renasceu naquele amanhecer. Desfiavam-se os primeiros dias de Verão e caminhava pelas ruas apanhadas em sol forte que abria outros caminhos. Seguia-te através daquele caminho estreito, até que o relume se elevou atrás de mim. A claridade do amanhecer rejubilou. Diante de nós erguia-se uma penumbra azulada que cobria tudo, insinuando apenas traços do teu rosto. O meu olhar perdeu-se na imensidade da luz encantada que por um segredo ia revelar. Deixei-me envolver pelo teu mundo até que o sopro do amanhacer acariciou-me novamente e escutei o rumor da penumbra azul.

Antes da tua presença até depois da tua morte


Desenho a curva da tua boca, por cima das palvras já é dia. Meu amor por quem parto. Por quem fico. Por quem vivo. Teus olhos são da cor da cumplicidade. O nosso amor é sangue. Amor intenso, amor imensoi. Deixa-me soltar estas palavras para escrever com sangue o teu nome. Dizer de ti as coisas que eu não sei, que inventei, que sonhei. Eu cantaria mesmo que tu não existisses, porque haveria de doer-me a tua ausência. Por isso canto, alegre ou triste. Como se cantando tocasse a tua boca, ainda antes da tua presença até depois da tua morte. Eu cantaria mesmo que tu não existisses, porque nada eu direi sem o teu nome.