Saudade


Caminho na estrada solitário, onde os pensamentos enaltecem a imaginação e provocam a realidade. Estou nu, no vazio, a chuva lava-me a tristeza e a solidão de não estar contigo. Olho repentinamente para o horizonte para ver se vem a razão. Mas se vier eu não a aceito, quero continuar na minha caminhada, sem rumo, sem orientação, sem objectivos, sem prepósitos, mas com uma realidade que me guia. Sem essa realidade caio do abismo do impossível, mas tudo é real. Caminho contigo sem destino marcado...e hoje passa o tempo sem re ver com as asas do tudo que voam para o amanhã. Hoje é o Sul do oceano e o Norte da maresia. À tua boca erguida para a luz ou para a lua, juntam-se pétalas de um dia consumido e ontem passou uma sombra iluminada pelo sol. Não tenho o hoje porque diferente fui, sou e serei um nome do meu amor, proclamo a pureza que renasceu naquele amanhecer. Desfiavam-se os primeiros dias de Verão e caminhava pelas ruas apanhadas em sol forte que abria outros caminhos. Seguia-te através daquele caminho estreito, até que o relume se elevou atrás de mim. A claridade do amanhecer rejubilou. Diante de nós erguia-se uma penumbra azulada que cobria tudo, insinuando apenas traços do teu rosto. O meu olhar perdeu-se na imensidade da luz encantada que por um segredo ia revelar. Deixei-me envolver pelo teu mundo até que o sopro do amanhacer acariciou-me novamente e escutei o rumor da penumbra azul.

1 comentários:

Antônio Moura disse...

... e duas almas se tocaram, cauterizando marcas e registros mútuos... e ao se separarem, deixaram em cada uma lembranças jamais a serem apagadas. Muito tocante o post. Parabéns.