Silêncio



Amamos o limiar, o barulho dos mortos, na sombra desta palma, deste odor de antigo, chamamos alta a esta chama nua. Esta sombra, esta escrita pesada e a dança obscura que caminha sob o hálito da noite. Eis o corpo e a terra, o horizonte que se veio aproximando. A pulsacão das palavras sobre a ferida ardente. Aquela seria a nossa música...a que tu desconhecias e que te ofercei para nos completar. E quanto mais eu sentia, mais a ferida cantava, a voz escassava-me como o que outrora vivemos. Em cada momento sentia-te. No uníssono dos coros, sabia que lá te encontravas. Nesta mudez do silêncio, como descobrir esse rosto do outro lado? Sopro sobre a cinza com a esperança de renascer algo. Queria encontrar nem que fosse um pedaço de ti, um pedaço ainda não rasgado pelo nosso silêncio.

1 comentários:

Iris Gomes disse...

Por vezes o silêncio traz vazio e angústia existencial mas também certeza e determinação de um passado que não volta jamais. Ficam as recordações e lembranças de um tempo e espaço que não volta mais em realidade mas que continua sempre presente e consistente com o sonho e utopia do que somos ou pensamos ser. Por vezes é preciso encontrar num novo gesto e numa nova palavra, um novo sentimento e talvez um novo futuro, diferente é certo, para melhor muito melhor porque ao contrário do anterior que terminou talvez este novo reencontro com o Amor seja fiel e definitivo em relação ao que se merece, quer e se é capaz de erguer.