Presença Ausência



Chamo-te chamo-te ao rés da terra. Um grito mudo que só eu consigo ouvir. Não és o rosto da sombra do corpo, chamo-te pelo que vivemos sem saber se te chamo ou se escrevo apenas a sombra do que fomos. Se te encontrasse, dizia não saber quem tu eras...mesmo antes de ti e de o Amor existir. Desde sempre foste o esplendor, unidade sobre unidade. Porque estas palavras, estas sombras, estes gritos de confissão. Dou-te um lugar agora...onde só te vejas. É egoísta deixar-te ir agora, mas querer que voltes. Sem que...sem que tanto fora prometido. Sem que podéssemos sentir-nos, por dentro e verdadeiramente por fora. Sem o pecado carnal. Saber que estarías ai...Os papeis invertem-se...agora percebo. E todavia chamo-te na ténue pulsação destas palavras, como pálpebras de areia, chamo-te sem saber se te vejo, se ainda existes para aquém ou além destas palavras. É esta presença ausência. Não sei já quem tu és, se tens um corpo, se escrever é perder-te ainda mais... se caminho em vão ou se te encontro, se já te achei e te acho a cada passo.

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