Esperanca, por um sonho que vi


Que venha a estrela da avareza da noite e a esperança venha arder, venha arder no meu peito. E venham tambem os rios da paciência da terra. E no mar que a aventura que têm as margens que acolhem o leito teu. E venham todos os sois que apodreceram no ceu, iluminados apenas por uma restea de luz fraquejante. E das mãos que venham gestos de pura transformação. Entre o real e o sonho seremos nós a vertigem. Dá-me os passos, os teus passos da manhã triunfal à solta, os gestos que tens. Quando a alegria descobre os dedos e envolvendo as mãos, que num toque suave transforma-me. Da vertigem que trouxer da noite, possa viver do teu sonho, nosso sonho mantido mesmo no mais intimo abandono, mesmo contra os portos que sobre nós se fecham em silêncio e noite, em murmurio. A viagem com que nos ameaçam vigiando todo o percurso do nosso sono, interminável sono, coração que vive e coração que morre. Assim esperando, assim sonhando mesmo quando o sonho recua até ao mais íntimo de cada um de nós, é o gemido sem boca, a precária luz que nem aos olhos cega. É Esperança, vai até que as que sofrem sozinhos à margem dos dias, e é a palvara que não escreve sobre as quatro paredes do tempo, o admiravel silêncio que os defende. Ou o sorriso, o gesto, a lágrima que deixa nas mãos unificadas. Quem não sabe o teu nome de fogo, eu sei, eu vi-o proclamado num ceu estrelado sob um terraço aberto, pelo espaço de um sonho que vi.

0 comentários: