Um Poema me rezou

Para que Deus me escrevesse
Entortei as linhas do tempo

Passaram os sete dias do infinito
E Deus não me palavreou

Nessa espera
Sonhei de vês
E divinizei a palavra

Como Deus me sempre desedenreçou
Fui caindo em desabismos
Desguarnecido de anjo
E em tudo quanto fui
Só demónio me guardou

Então veio a suspeita
Deus já não acredita em nada?

Até que, certa vez
Um poema me rezou
E assim me confortei
A justa palavra
Talvez restasse a crença
De um Deus em nós

Pedi licença à morte
Pedi perdão à vida
Mas não tive notícia
De quem eu queria que me salvasse

E ainda hoje
Só quem reza
Lê as linhas entortadas da poesia

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