Pergunta-me


Pergunta-me, se ainda és o meu fogo, se acendas ainda o minuto de cinza. Se despertas a ave magoada que cai no ramo do meu sangue. Pergunta-me se o vento não traz nada, se o vento tudo arrasta. Se na quietude do lar repousam a fúria de mil raios. Pergunta-me se te voltei a encontrar, de todas as vezes que me detive junto das pontes enevoadas, e se eras tu, quem eu via, na infinita dispersão do meu ser. Se eras tu que reunias pedaços do meu poema, reconstruíndo a folha rasgada na minha mão crente. Qualquer coisa, pergunta-me qualquer coisa, uma tolice, um mistério indecifrável, simplesmente para que eu saiba que queres ainda saber, para que mesmo sem te responder saibas o que te quero dizer.

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