Suave


Diz o meu nome, pronuncia-o como se as sílabas te beijassem os lábios, sopra-o com a suavidade de uma confidência para que o escuro apeteça, para que se desatem os teus cabelos, para que aconteça... Porque sou eu dentro de ti que bebe a última gota e te conduzo a um lugar sem tempo nem contorno. Porque apenas para os teus olhos sou gesto e cor, e dentro de ti me recolho, exausto dos combates que a mim próprio venci. Porque a mina mão procura o interior e o avesso da aparência, porque o que vivo, morre de ser ontem. Inventar, outra maneira de navegar, putro rumo e pulsar para dar esperança aos portos que aguardaram pensativos. No centro da noite diz o meu nome, como se fosse da primeira vez, da mais antiga diferença simétrica e me sobressalte, quando suavemente pronunciares o meu nome.

1 comentários:

Anónimo disse...

Gosto de passar por aqui e ser surprendida com algo diferente todas as vezes, continua a escrever francisco.