Paixão


Tenho apenas duas mãos e o sentimento do mundo, mas estou cheio de falta de algo. Minhas lembranças escorrem e o corpo transige na confluência do amor. Provisoriamente não cantámos a paixão que se refugiou no subterrâneo. Cantarei o medo que esteriliza a falta de ter. Não cantares a falta de não ter, porque essa cantada nada enaltece. É tempo de encontro. É tempo de partilha. Querer mais no vestido branco e rosa que cobre a imensa paixão. A escuridão não se estende, vai-se iluminando nas nossas mãos, pois estas são as partes mais íntimas, a paixão, a pulsação e o ar da unidade é estrumamente necessário para continuar naquela não coincidência. Tempo de cinco (ou mais) sentidos num só. Voar sobre tempo perdido e abraçar o agora nos porões e histórias da paixão.

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